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Sunday, June 3, 2007

Fantasias Eróticas – Segredos das Mulheres Portuguesas

Impressões.

O livro “Fantasias Eróticas – Segredos das Mulheres Portuguesas” (de Isabel Freire, editado pela Esfera dos Livros) desenquadra-se dos livros de cariz científico sobre sexualidade, do mesmo modo que não pertence ao universo da ficção erótica.
Assim sendo, este livro aborda a temática da sexualidade feminina de uma forma válida embora atípica em Portugal, como resultado da metodologia adoptada na recolha de dados, característica do trabalho jornalístico que também não deixa de ser. É portanto factual e subjectivo, relatando evidências empíricas, assunções científicas e dúvidas que ocupam todos os interstícios dessa malha. Elas são, afinal, a essência do livro: o inatingível diversificado.

A estrutura do livro aproxima-se de uma colectânia de 95 relatos, divididos sob temas que ganharam maior realce aos olhos da autora. A riqueza de testemunhos é tal que haveria assunto para muitos mais capítulos.
Quase 100% em discurso directo, os relatos em linguagem corrente facilitam a leitura. Sem espanto, verifica-se que foram muito desbastados – ou não se resumiriam a 330 páginas – mas de modo nenhum adulterados, tendo havido especial cuidado em mantê-los fidedignos. As contribuições de vários sexólogos com explicações, por vezes direccionadas à particularidade de algum relato específico, são imensamente valiosas para solidarizar a matéria da obra, e de certo modo acrescentar-lhe créditos científicos.

O título não faz justiça a toda a linha dos conteúdos: há muito mais de relevante que simplesmente fantasias. A diversidade reunida de experiências concretas – autênticas impressões digitais – é impressionante, mesmo tratando-se de uma amostra muito limitada de mulheres portuguesas. Eu não suporia algumas coisas se não as tivesse lido, e a minha impressão é menos de choque mas de uma admiração humilde. Revi-me, emocionei-me, empatizei, desejei, imaginei, projectei... Suponho que me libertei, de algum modo, por ter-me evadido e validado também. De todas as maneiras este livro – que guardo com especial carinho – foi uma proveitosa terapia.

Recomendo-o a toda a gente.

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