Só razões para pôr a mula a trabalhar.
Passaram pouco mais de 2 semanas desde a emissão do último episódio da 4ª temporada da série The L Word, nos Estados Unidos.
Desta vez, substiste um sentido de completamento mais estável que nalguma outra temporada anterior. Quererá isto prenunciar o fim definitivo da série de culto que abalou heteros, lésbicas, gays e apreciadores de bons programas, pelo mundo inteiro?
Talvez não...
Apesar de encontrarmos determinadas personagens que nunca suporíamos a ‘assentar arraiais’ e aceitarem manter-se fieis aos relacionamentos a que consentiram, e a pessoas com quem se comprometeram em exclusivo, sabemos que certas personagens tiveram origens menos ‘coerentes’, e podem despoletar histórias em episódios vindouros; o personagem transexual, enquanto pessoa em transição, é também potenciador de possíveis novidades; o rol de personagens que se estrearam nesta série guardarão ainda segredos que poderão emergir em novas peripécias; e quem sabe das personagens que ainda estão por revelar-se.
O pioneirismo desta série não esteve apenas na encenação os quotidianos privados de algumas personagens lésbicas, ou por exibir cenas de sexo lésbico nunca antes ousadas em TV – reformulou efectivamente o modo como as cenas de sexo são/não-são coreografadas, filmadas e editadas, tendo-se alcançado estéticas genuinamente punjentes – mas também por trazer à luz das ondas hertzianas alguns exemplos de muitas realidades que permanecem escondidas da luz dos dias corridos, ainda por medo, também por vergonha, e por outros motivos imperiosos que ferem a dignidade de muitas pessoas cujas sexualidades representam sentenças sem justiça ou razão.
Enfim, não lamentemos se esta série se ficar por aqui. Ela foi determinante para abir muitos olhos e mentalidades, em Portugal e em todo o mundo.
E já agora aguardemos pela nova série de ‘orientação lésbica’ com estreia marcada nos Estados Unidos para dentro de poucas semanas: ‘Don’t Go’ promete ser “mais queer e arriscada que outras séries gays ou lésbicas que temos visto”, mas mantém o mesmo formato cénico: o grupo de amigas do condomínio em L.A. Haverá lésbicas-butch, advogadas, gays bissexuais, hermafroditas, casamentos arranjados... e mais, só vendo!