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Friday, December 8, 2006

Eyes on... “All is full is love”

ALL IS FULL OF LOVE” – Bjork, “Homogenic”,1999
Este video, da autoria de Chris Cunningham foi premiado incontáveis vezes, incluindo com o prémio de Melhor Video Musical de Fantasia no Fantasporto.

Depois de ouvida a faixa sonora, o realizador sintetizou as impressões que lhe haviam sido transmitidas pela cantora: ‘sexual’, ‘leite’, ‘estátuas chinesas, de porcelana branca, dura e gélida, que se diluem no amor erótico’, ‘cirurgia’, ‘luminosidade celestial’... Das fantasias tecnológicas do realizador já faziam parte as ideias de robótica e maquinaria industrial, a imagem da andróide produzida pela imaginação visionária de Fritz Lang em "Metrópolis", que explora a anatomia feminina expondo-a despida, logo erótica, e havia a vontade de dar ao video um visual antiquado, datado dos anos 70, sintéticos, estilizados e reluzentes em plásticos.

Durante toda a produção do video o resultado permanceu incógnito: havia muita incerteza sobre uma linha conceptual que não fora esclarecida desde o princípio, e estava emaranhada em referências extremamente díspares. Quando a produção chegou ao tratamento gráfico computorizado, uma identidade começou a distinguir-se e tornou-se mais fácil dirigir então o video para um resultado concreto. O resultado está à vista, e dispensa muitas palavras. No filme “I, Robot” a inspiração tem uma origem indubitável.

Duas androides identificadas como Bjork, assistem-se uma à outra no processo de criação, e animação. É clara a alusão à concepção intra-uterina já que as figuras são femininas, mas também à mecânica industrial, e à dependência de servo-mecanismos como interfaces da criação. As criaturas, que vemos trocarem palavras e actos de amor, subitamente convidam-se ao enlace erótico, impossível entre fetos ou entre maquinaria. Nesse instante somos desarmados pela supresa de verificar que existe penetração, que existe produção e troca de fluidos, que poderia existir fecundação, que existe consciência do momento, do amor, do sexo... existe deleite emocional e deleite físico.
O video aparentemente é acidentalmente lésbico, e inesperadamente emocional e quente... como não suporíamos serem os androides em ambiente acéptico. Mas duvidar de quê? Tudo está cheio de amor.

8 comments:

Isabel Freire said...

Keep your eyes open... Grace.
:)
Muito bom ver e saber.
IF

Grace said...

:S Que foi, que foi!?
Porque será que sinto que algo me passou ao lado!? Escapa-me qualquer coisa!!...

Isabel Freire said...

Nada para escapar.
O comentário era simples e sem segundas intenções, Grace.
:)

Grace said...

Ok! :) Então vou acreditar que as primeiras são as melhores intenções! :)

Isabel Freire said...

Exactamente!!!
:)

Grace said...

Isabel... agora estou a cismar com a explicação do Professor. Na minha profissão a criatividade é exigência constante, e mesmo que eu não tivesse enveredado por um caminho profissional artístico, continuaria a ser para eu me sentir completa enquanto pessoa. O que me parece é que a sexualidade ultrapassa este plano... alguém que reprima a sua sexualidade, mais tarde ou mais cedo vai adoecer. Certo? Será que isso acontece com alguém que reprime a sua criatividade!? Caramba... preciso mesmo de iluminar este enredo que essa explicação me causou...

Isabel Freire said...

Aqui não estávamos a falar de repressão. Isso é outra matéria, Grace. Muito mais complexa, evidentemente, que não se resume de forma tão simplista. Falávamos apenas de aptências 'naturais' mais fortes para sentir desejo, excitação e prazer, independentemente de certas circunstâncias favoráveis a nível afectivo.
E pelos vistos há seres humanos - entre as mulheres, certas mulheres - com um potencial mais sexual à partida.
Vou insistir no tema quando entrevistar outros especialistas. Mas olha que a criatividade foi apenas um exemplo que o professor me deu para tentar explicar.

Grace said...

Sendo assim, ok, vou tentar manter a minha visão dessa comparação num nível mais 'caricatural', e aguardar desenvolvimentos! :)