Dia de quem namora.
Seja homem ou mulher.
De linguística não percebo nada, mas verifico que existe na língua portuguesa uma característica que pode dificultar qualquer mudança das matrizes e dinâmicas social/públicas em Portugal.
Trata-se do nosso idioma diferenciar os géneros masculino e feminino, sendo que aos substantivos que usamos para aglomerar sujeitos de ambos os géneros, ou uniformes, dá-se predominância ao masculino – atitude que reflete a toda a linha o androcentrismo misógino para que a humanidade moderna convergiu. Exemplo disto é falarmos em ‘Dia dos Namorados’ em vez de ‘Dia das Namoradas’. De facto, a expressão no feminimo pode ‘subverter' acentuadamente o significado da expressão usual, pelo que a evitamos, e isto acontece a todo o instante quando nos exprimimos, a ponto de já não notarmos sequer.
O idioma e como o usamos (a expressão verbal) são das marcas que mais vincam a identidade de um povo, que melhor refletem a cultura das comunidades. Assim, é bem provável que o peso do nosso idioma seja um obstáculo tácito, mas real, a algumas mudanças ‘culturais’ que urgem no nosso país. Pode ser que tenha já acontecido na discussão que antecedeu o referendo à IVG, e talvez novamente na altura de se falar das questões de não-discriminação dos homossexuais – no sentido de se regulamentar as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, a adopção e a reprodução medicamente assistida para pessoas homossexuais.
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